E "prontos"!

Fiz birra e também criei um blog.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Prendas envenenadas

Hoje é o dia do meu aniversário. Ena! Tanta vida que eu já gastei neste jogo, estou a caminhar rapidamente para o final das vidas e, neste jogo ainda não descobri o que tem que se fazer para adquirir mais vida. Não me faz confusão a idade, nunca fez, entro a sério nos entas como entrei nos intas: só envelheço por fora e, modéstia à parte, estou bem conservada. No resto estou igual, penso da mesma forma, à música que gostava muito já adicionei mais umas quantas , actuais, que também gosto. Os meus gostos não mudaram quando muito refinaram-se, sou mais exigente, as formas com que gosto de me divertir são iguais também às que gostava aos 20 ou aos 30. A maior diferença é que me tornei mais responsável em certas coisas porque tenho dois filhos e eles precisam de mim. Mas neste dia sinto sempre uma dor, um aperto no coração. Porque precisamente no meu dia de aniversário, há 4 anos atrás, sentada em frente a um médico separados por uma secretária imensa, foi-me comunicado um veredicto final: "Pela sua mãe não há nada a fazer - operar não podemos e estar a submetê-la a quimio ou radio terapia é fazê-la sofrer com os efeitos secundários e não resolver nada. Não lhe garanto que dure uma semana ou duas mas garanto-lhe que não vive mais de três meses. Pense pelo menos que este cancro não lhe está a causar dor física, apenas lhe produz cansaço, só mesmo nos dois últimos dias lhe poderá causar muita dor. Ah! e não vale a pena dizer-lhe deixe-a viver bem estes últimos dias." Assim, sem anestesia recebi esta PRENDA ENVENENADA, lembro-me de sair daquele hospital a correr, cheguei à rua e, como se tivesse levado um murro no estômago, dobrei-me agarrada ao estômago e chorei como nunca tinha chorado na vida. Depois de me acalmar tive que ligar à minha mãe e inventar uma tanga qualquer sobre um suplemento vitaminico natural e sobre alimentação, em que a minha mãe fingiu acreditar. Passado exactamente um mês, no dia 6 de Outubro, a minha mãe foi-de embora, definitivamente, morreu a sua morte anunciada. De há 4 anos para cá o dia do meu aniversário tem tido sempre esta sombra por mais que tente esquecer que foi neste dia, volta e meia lá estou eu com a lágrima no olho. Amo-te mãe!!!

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