E "prontos"!

Fiz birra e também criei um blog.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A blogosfera é um verdadeiro antídoto para o mau humor. Há blogues que, apesar de melindrarem muitos autores de outros, são escritos de forma inteligente e com um sentido de humor genial. Ainda bem que (ainda) temos liberdade de expressão.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Coisa "mai" linda o SOL!!!!!!! Hoje o sol teve uma precária, deixaram-no sair da jaula.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

E de repente...
...ela sentiu um fio de água morno a descer pela face, e sentiu o sabor salgado e percebeu que eram lágrimas.
Percebeu que estava finalmente a chorar, e chorou, chorou até as lágrimas se esgotarem, e mais do que aquilo que era visível, ela ficou rouca por chorar por dentro como há muito não chorava.
E, finalmente, exorcizou os seus demónios.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Amigos de infância, de uma infância e adolescência feliz vivida numa pequena mas urbana cidade ribatejana, onde para além do que na escola lhes ensinavam, aprenderam o sabor da vida liberal e cheia de novidades dos anos 80 que os recebeu em plena adolescência.
Ambos trabalham em Lisboa, ambos chegados neste ano aos quarenta embora ela pareça 15 anos mais nova que ele.
Combinaram um almoço, há meses que não estavam juntos. Encontraram-se onde sempre se encontram quando vão almoçar juntos.
Estava um dia gelado, o frio cortava.
Naqueles anos tinham a vida pela frente. Bons alunos disputavam entre si as melhores notas da turma, numa concorrência saudável. Politicamente activos, participavam sempre que podiam nas reuniões da cor política que partilhavam.
Quando ela saiu do escritório já ele lhe ligara, como sempre, ela estava atrasada, chegava sempre uns 10 minutos atrasada.
Quase correu os poucos metros que a separavam do ponto de encontro, pensando como o dia estava bonito. Estava muito frio, é um facto, mas o sol brilhava e, quando está sol, Lisboa é uma explosão de luz. Como estaria o seu amigo, divorciado á poucos meses. Também ela estava separada há cerca de uma semana e, curiosamente, estava muito mais feliz.
Naquela altura havia uma liberdade saudável de que nem todos os jovens beneficiaram, é certo, mas que eles tiveram a sorte de ter. Sempre que saiam com o grupo de amigos que partilhavam, no final da noite só restavam eles. Já sabiam que iam ficar sozinhos, por isso ansiavam por esse momento. Quando por fim só estavam os dois, não discutiam onde ir, já sabiam que iriam aquele bar meio clandestino que só fechava às 3 da manhã, fumavam um charro, ouviam a música que ambos gostavam, falavam dos livros que estavam a ler, das novas pessoas que cada um tinha conhecido, dos projectos para o futuro... Depois iam dançar e, já de madrugada, 7 ou 8 da manhã ele levava-a a casa e seguia para a sua.
Ela chegou. Mas onde estava ele? Ah! Lá estava ele dentro do centro comercial: "Estava muito frio para esperar lá fora" justificou-se ele debaixo do seu sobretudo cachecol e fato de Inverno, tudo de bom corte. Ela sorriu, beijou-o e respondeu-lhe que também tinha frio mas que o dia estava tão bonito que até apetecia andar na rua.
Foram os dois para a faculdade de Economia, ele para Lisboa, ela para Coimbra. Ele queria ser ministro das finanças, ela queria trabalhar numa empresa multinacional, fora de Portugal que se estava a tornar demasiado pequeno para si.
E a amizade continuou e, mesmo quando algum ou ambos namoravam, essa amizade estava acima de tudo.
Sentaram-se no restaurante e conversaram. ela falou em como estava feliz por ter terminado, ou melhor adiado, um relação que a estava a sufocar, como estava feliz porque sem o ex-companheiro tinha mais tempo para si e para os filhos, como voltara a sentir a liberdade que sempre precisou para viver feliz.
Ele falou-lhe nos termos legais do seu divórcio, de como tinha pena que estivesse tanto frio porque assim, quando estava com o filho não podia sair com ele não fosse a criança constipar-se.
Durante a faculdade na altura da Queima das Fitas lá ia ele ter com ela a Coimbra para uma semana de borga e, na Semana Académica de Lisboa, fazia ela o percurso inverso.
Aos fins de semana mesmo quando já ambos tinham "daqueles namoros sérios" arranjavam sempre tempo para estarem juntos.
Esqueceram-se das horas, seria melhor pedir as sobremesas e, enquanto saboreavam os crepes com gelado, ela falou-lhe de como gostava ainda de sair e de borgas, de como pelo menos uma vez por mês deixava os filhos com alguém para ir para a folia e dos jantares que fazia em casa quando tinha consigo os filhos, sempre gostara e ainda gostava de juntar os amigos em casa, em jantares bem regados e divertidos.
Ele falou-lhe de como tinha saudades de borgas e até desses jantares com amigos, porque com o filho era difícil.
Nas férias de Verão iam acampar, cada um com a sua tenda (nunca tiveram desejo um pelo outro ou se o tiveram sempre o esconderam pois sabiam que a amizade que os unia era mais importante do que uma noite de sexo), e quando nesses dias loucos de férias, algum "engatava" alguém o outro respeitava e afastava-se.
Eram realmente muito amigos.
Ela meteu-se por caminhos sombrios e ele esteve sempre do seu lado, mais tarde quase no final do curso ela desistiu da faculdade, chegara à conclusão que não era aquilo que queria e, quanto à política, há muito tempo que já se tinha afastado - demasiados jogos sujos para a sua natureza idealista.
Ele terminou a faculdade com boas notas e embarcou num mestrado que concluiu também com excelentes resultados. Quanto à política, após ter sido eleito para um lugar no parlamento, aceitou a proposta de trocar esse lugar por um emprego estável e bem remunerado num alto cargo da função pública. O candidato do seu partido que ficara logo atrás dele tomou assento no parlamento. Foi aí que também ele se desiludiu com a política e pela primeira vez, sentiu que se estava a vender.
Enquanto tomaram café ela contou-lhe como gostava do seu trabalho, que apesar de não ter sido o que sonhava enqunto miúda gostava do que fazia, da responsabilidade que tinha, de apesar de nem sempre viver desafogada, ter um bom ordenado.
Ele "Sr. Inspector Geral de Finanças" falou com amargura do mau ambiente de trabalho, de como gostava cada vez menos do que fazia apesar de ter um excelente ordenado. De como tinha deixado de fazer Párapente e outras actividades radicais que praticara porque não era bem visto no ambiente de trabalho conservador que o rodeava.
Ela um dia cortou amarras, amava os pais, mas queria viver sem a sua interferência, veio viver sozinha para Lisboa, arranjou um emprego e outro, e outro, e outro, e finalmente o actual. Não regressou à faculdade mas, como autodidacta que sempre fora, foi sempre adquirindo conhecimentos variados. Juntou-se, casou-se, separou-se, voltou a juntar-se e estava novamente separada. Chegara finalmente à conclusão que não fora feita para ter marido ou companheiro permanente, é muito mais feliz assim.
Ele casou uma vez e durante 14 anos aguentou um casamento em que não foi feliz, só para manter as aparências.
Enquanto esperavam pela conta ele falou -lhe das voltas que a vida dá. Estava triste, amargurado. Ela disse-lhe bem disposta "tens que aprender a trocar as voltas à vida".
Ele respondeu-lhe "mas tu nunca te acomodaste sempre arriscaste, eu desde que me tornei adulto deixei de arriscar, deixei de dar valor às pequenas coisas"
Ela deu-lhe um beijo terno na face e disse-lhe que estava sempre a tempo de mudar, de arriscar.
Ele comoveu-se e disse-lhe como lhe fazia bem a sua companhia, como era bom ver que ela continuava com aquela loucura saudável que ele tanto admirava.
Veio a conta, despediram-se, combinaram novo almoço para o próximo mês e foi cada um para seu lado.
Ela pensou "quem me dera poder dar-lhe um pouco de alegria, poder restituir-lhe o brilho que o olhar dele tinha antes" .
Ele pensou "faz-me bem estar com ela, se ela soubesse como nestas duas horas me permitiu ser um pouco aquele "puto feliz" que outrora fui ."