Vidas escondidas

Aqui estou eu sentada na minha elegante (opiniões...) secretária do distinto escritório onde trabalho, onde a formalidade impera e em que até as piadas são ditas de forma tão subtil e entediante que perdem toda a graça. Ora aqui estou eu vestida o mais formalmente possível (com um orçamento que é cada vez mais limitado ter um ar distinto, ou seja, "cócó" nem sempre é fácil)e a pensar " ai que bom que alegria, amanhã é sexta feira e posso vestir umas calças de ganga (nada de loucuras, o mais clássico possível) e uma simples camisa branca e um "blazerzito" já mais para o russo. E eis se não quando dou por mim a pensar: "E se estes distintos senhores e senhoras que me rodeiam soubessem as vidas que já vivi e aquelas que ainda vivo quando daqui saio?" Uí! Seria o fim do mundo. Já estou a imaginar os comentários - e pois que parecia tão boa "piquena", tão discreta, se bem que ser divorciada e ter um filho de cada pai, sendo que este seu último companheiro é muito mais novo que ela... Mas pronto um pouco de excentricidade também não faz mal. Mas agora isto? E aquilo? como é que teve coragem? E depois destes "elevados" pensamentos, cheguei à conclusão que não passo de uma HIPÒCRITA, a representar diariamente esta personagem de merda. Mas para me consolar não deixo também de pensar que cada um destes meus distintos superiores e colegas tem também muita coisa que não gostariam de partilhar. Para sobreviver nesta selva há que ser hipócrita.